Como uma vida humana, Babilógos inicia de modo pueril e aparentemente ingênuo. As primeiras poesias podem soar triviais ou leves demais, mas esse início tem um sentido preciso: assim como a infância inaugura o olhar sobre o mundo, a cidade das palavras vivas começa pelo simples, pelo riso, pela graça do imediato. Há, nisso, uma pedagogia poética. Em tempos em que a sensibilidade para o elementar parece esvaziada, o autor nos lembra que é preciso reaprender a brincar com a palavra antes de aspirar aos seus enigmas mais profundos.
Aos poucos, porém, o tom se transforma. O que parecia banal revela-se como pórtico de entrada para dimensões mais densas da existência. À medida que avançamos pelas ruas e bairros de Babilógos, o leitor percebe que a cidade é também um espelho da condição humana: amor, destino, medo, culpa, desejo, heroísmo, transcendência e o sagrado surgem em forma de poesia, de narrativa e de comentário filosófico. Temas recorrentes, dispostos em diferentes regiões, formam passagens secretas entre os capítulos, permitindo que um poema dialogue com outro e que um símbolo reapareça em novo contexto, exigindo releitura e atenção.
A sequência dos capítulos, organizada como um itinerário turístico e espiritual, oferece ao visitante-leitor um movimento gradual de aprofundamento. Cada espaço da cidade — o Passeio Público, a Câmara Municipal, o Cemitério, a Universidade, o Hospital, a Biblioteca, o Palácio Real, entre outros — concentra um aspecto simbólico da experiência humana, e as poesias ali reunidas dialogam diretamente com a atmosfera desse lugar.
Assim, Babilógos não é apenas um conjunto de textos, mas uma arquitetura poética: cada capítulo é um bairro da alma, cada poema uma rua, cada imagem um edifício, e Daquipralix Voltarindo é o guia que conduz o leitor por este território onde a palavra não apenas significa, mas vive.
Podemos elencar os pontos turísticos com as seguintes temáticas:
1. Cidade das Palavras Vivas - Convite a um passeio. Introdução à cidade e o cotidiano. A palavra viva e autônoma.
2. Passeio Público - A poesia como expressão da beleza. A estética da palavra.
3. Câmara Municipal - As relações humanas e a política.
4. Clube de Baile - O Romance e o amor.
5. Casa da Luz Vermelha - Paixão e sexualidade.
6. Cemitério - A culpa, o medo e o terror.
7. Mirante - Aquilo que há de elevado na vida humana.
8. A Igreja – Espiritualidade e devoção às palavras.
9. Universidade – O conhecimento como labirinto de perguntas e silêncios.
10. Sonambúlicas – Viagens oníricas pelo inconsciente.
11. Hospital – A cura e a fragilidade humana.
12. Biblioteca – A arte como resposta ao caos.
13. Teatro Municipal – Performance e transformação.
14. Hospício – A loucura como espelho da sociedade.
15. Boca Maldita – O núcleo da corrupção linguística.
16. Jardim das Esculturas – Beleza e resistência.
17. Palácio Real – O retorno ao equilíbrio e o desfecho.
Em seguida, temos alguns trechos e poesias do livro Babilógos para os visitantes do Site.